sábado, 7 de julho de 2012

Franz Weissmann por Pedro Borges


Franz Weissmann (1911 – 2005)
Amassados, 1966
Relevo em Alumínio


                     Os elementos visuais estruturais que compõem esta obra, podem ser vistos explicitamente em sua textura e volume predominantes e sua simplicidade monocromática do material. Consequentemente, devido à estrutura em baixo e alto relevo, pode-se observar os pontos de sombra e luz, criados pelo próprio ambiente expositivo (luz voltada à obra). A resistência do artista para a criação compositiva, parece ter sido com base na força e repetição de amassar com pancadas a placa de alumínio, como ponto chave da construção (sendo visualizada na obra a marca de alguma ferramenta que possibilitou a de-formação do suporte).
                      Apesar da resistência do alumínio, de sua rigidez e durabilidade, Franz Weissmann compõe de forma que, com a presença de um observador diante de “Amassados”,  possibilite questões que permitem apontar caminhos opostos como, leveza, fragilidade, permeabilidade e perecível. Assim como uma folha de papel, facilmente amassada, descartada, desamassada, onde torna o envelhecimento às rugas de um tempo manipulável (?).
                      É uma obra que sinestesia os sentidos, devido à visão se misturar com o tato e vice-versa, sua temperatura, seus entranhamentos e detalhes – presenciando ao toque como olho e olho como toque para os observadores, e porque não, para os privados da visão.
                      Devido aos direitos do colecionador (?) e sua posse da peça de Weissmann, priva-nos do experimentar, do participar, do fazer; uma contradição em relação à proposta neoconcreta, que inclui à subjetividade dos espectadores em sua co-criação - interferindo/inserindo nos espaços entre a arte e fruidor, fruidor e objeto artístico. Este tipo de ressignificação do público norteia uma das questões chaves para certas propostas da nova objetividade escrita por Hélio Oiticica, como exemplo: “A desintegração do objeto físico é também desintegração semântica, para a construção de um novo significado” (pg.159, 1967). Sobre esta participação do espectador, Oiticica também comenta no Esquema Geral da Nova Objetividade, sobre as duas maneiras bem definidas de participação - a de manipulação e a de ordem semântica: “Não se reduzem ao puro mecanismo de participar, mas concentram-se em significados novos, diferenciando-se da pura contemplação transcendental”. E ainda: “Seria a procura interna fora e dentro do objeto, objetivada pela participação ativa do espectador, o indivíduo é solicitado à contemplação dos significados...uma obra aberta” (pg.163, 1967).


                     Franz Weissmann nasceu na Áustria em 1911.
Em 1956, participou da 3a e 4a exposições do Grupo Frente. Participou da 1a Exposição Nacional de Arte Concreta no MAM de São Paulo e no MAM do Rio de Janeiro. Recebe o Prêmio Leirner de Arte Contemporânea. Em 1959 assinou junto com Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Lygia Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis, o Manifesto Neoconcreto.
                     
                  

Referências

FERREIRA, Glória e COTRIM, Cecilia [orgs.]. Escritos de Artistas Anos 60/70. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2006.

PILLAR, Analice Dutra. Pesquisa em Artes Plásticas. Porto Alegre, UFRGS, ?.

http://fw.art.br/fwbio.htm
PEDRO BORGES (1985) – cursa licenciatura em artes visuais pela faculdade de artes  Dulcina de Moraes. Recentemente atuou como mediador do programa educativo das exposições "Paixões Privadas" no Museu Nacional dos Correios; "Islã" e "O mundo mágico de Escher" no Centro Cultural Banco do Brasil, Brasília. Também participou da mostra Dulcina de Artes Visuais e da exposição OVNI coletivo no  Espaço Cultural Renato Russo, ambas em 2012.

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