Desenho por João Pedro Brasil Cavalcante de 8 anos de idade. Cursa o 3o ano fundamental no Colégio Santa Rosa.
Por muito tempo, a
Educação Artística se constituiu em uma atividade escolar baseada estritamente
em sala de aula e no fazer
gráfico/plástico da criança, desvinculada, salvo raras exceções, da origem
desta área do conhecimento isto é, da arte em si. Aprendia-se arte sem ver
arte, o que é o mesmo que aprender a ler sem ter acesso aos livros.
Ler, portanto, não é tentar decifrar ou adivinhar de forma
isenta o sentido de um texto, mas é, a partir do texto, atribuir-lhe
significados relacionando-o com outros textos na busca da sua compreensão, dos
seus sentidos e de outras possíveis leituras. Paulo Freire (1993) nos falava da
necessidade de aprender a fazer a leitura do mundo, não mecanicamente, mas
vinculando linguagem e realidade e usava o termo cosmovisão ao referir-se a
esse alargamento do olhar. Transpondo estas ideias para o ensino da arte,
podemos dizer que a leitura das imagens tem objetivos semelhantes e abrange
a descrição, interpretação, compreensão,
decomposição e recomposição para que se possa apreendê-las como um objeto a
conhecer.
O ensino da arte no
Brasil se mostra cada dia mais abrangente, não ficando restrito ao âmbito
escolar. Já se refere a arte educação os
projeto de ação educativa de instituição culturais.
Hoje vemos espaços
educativos em Museus e Galerias de Artes, trazendo mais para perto as obras de
artes. Com isto, a arte educação transpôs os limites das salas de aula e
invadiu os espaços expositivos das galerias, tornando-se, assim, não somente
espaços de exibição artística, mas também de aprendizagem. Com relação aos
termos, mediador e educador, é possível compreender que ambos são
educadores, inclusive os mediadores ainda que este atue em um espaço
diferente da escola.
No Museu Nacional do Conjunto Cultural da
Republica, está acontecendo uma exposição da Geometria da Transformação – Arte
Construtiva Brasileira na Coleção Fadel, com um espaço educativo criado para
receber estudantes de várias escolas e comunidades. Neste espaço, os museus
possuem objetivos como: educar, facilitar o
acesso à cultura, socializar, favorecer a prática da cidadania, formar
indivíduos críticos, criativos e autônomos. O espaço físico determina a forma com que a visita é
realizada. Como trata-se, em geral, de um trajeto aberto, o visitante deve ser
cativado pela exposição durante seu percurso. Nesse
contexto, o professor precisa ser visto como parceiro, agente multiplicador, e
não como mero receptor de produtos culturais. O tempo geralmente as visitas são
efêmeras, de curta duração e espaçadas. O tempo reservado para uma visita varia
de acordo com cada tipo de público.
Visitar
uma exposição de arte é um momento especial. Trata-se de uma transmissão de conhecimento. É entendida como uma ação
cultural, que consiste no processo de mediação, permitindo ao estudante aprender, em um sentido amplo, o bem
cultural, com vistas ao desenvolvimento de uma consciência crítica e abrangente
da realidade que o cerca. Esse
encontro acontece de diferentes maneiras: quando apreciamos a obra de arte, ao
imaginarmos o processo construtivo que culminou naquela obra e o contato visual
com o próprio espaço expositivo. O artista ao elaborar sua obra, assim como o
curador da exposição, pensa em cada detalhe, sobre as cores, as formas, os
materiais, o local, o tamanho, e muito mais. E esta exposição, trata, especificamente, do
percurso da arte construtiva brasileira, com obras de significativa importância
e artistas consagrados e reconhecidos. Foram eles que buscaram a expressão por
meio de formas, linhas e cores construídas e reconstruídas numa relação que vai
além da geometria e da matemática, em busca de conceitos plásticos, abstratos,
uma combinação que domina o espaço, permite a noção de equilíbrio, da proporção
e da simetria.
Os
estudantes são encaminhados ao “Espaço Educativo”, onde eles encontram: um
espaço adequado com uma mesa retangular grande, com várias cadeiras, nela
encontram-se lápis de cor, cola,
papel de todo tamanho, com texturas e cores diferentes e na parede
encontra obras dos artistas expostos em tamanho reduzido e uma monitora. A monitora que orienta os
estudantes pergunta sobre as suas
preferências, o que eles aprenderam e observaram, e ouve suas críticas e
sugestões. Ela pede aos estudantes que criem
obras, diante do que foi exposto,
para aguçar sua curiosidade, mostra os materiais, para que façam os trabalhos
com a delicadeza, a força do movimento,
a linguagem geométrica, as texturas e que
reproduzem de maneira lúdica as obras. Comenta do apreciar da visita, de
contextualizar sobre o que eles ouviram. Ao visitarmos as
exposições das principais instituições culturais do país nos é oferecido o serviço de
monitoria, orientação, ou ainda mediação.
Todos
os trabalhos elaborados no espaço educativo, acabam por tornar uma nova
exposição com obras e imagens visitadas na exposição.
Graças
a uma grande conscientização dos profissionais da área, os museus adotaram uma
postura mais enriquecedora sobre os conhecimentos das áreas de artes.
Com
suas características muito
diversas, com acervos diferentes, espaços físicos extremamente distintos uns
dos outros, histórias peculiares, porém, todos têm algo em comum: a preocupação
com sua função social, com o papel que representam dentro de sua comunidade.
Os museus compreendem que eles não existem sem
seus visitantes.
Referência
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa . Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993b.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa . Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993b.
http://pt.scribd.com/api_user_11797_marciaschaff/d/6898949-Carta-de-Paulo-Freire-aos-Professores1993
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