quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Terceiro Caminho: um novo futuro social por Edna Galisa de Souza



Textos:
 Joseph Beuys: Conclamação à alternativa[1]
 Rainer Rappmann: Universidade Livre Internacional (F.I.U.). Fundação, Conceito e Resultado[2].

            No artigo Conclamação à alternativa, o artista Joseph Beuys lança aos europeus um apelo fundamentalmente político, para que realizem um movimento renovador de supressão dos muros entre Oriente e Ocidente e de mudanças profundas na vida social e política, iniciando uma revolução não violenta, orientada para a evolução humana aberta ao futuro.
            A proposta do artista é consequente à aguda percepção de grandes problemas que habitam as estruturas estabelecidas, como a ameaça militar em sua corrida armamentista de imenso poder destruidor, a crise ecológica, que ameaça extinguir toda a base natural da existência humana, a crise econômica, que aniquila volumes gigantescos de alimentos acumulados por uma superprodução subvencionada enquanto milhões de pessoas morrem de fome em outras partes do mundo, a crise monetária, a crise da educação, a crise energética, a crise da democracia. Diante de tantas crises, as pessoas sentem-se reféns de circunstâncias devastadoras e perdem sua interioridade e o próprio sentido da vida. Segundo BEUYS, a raiz de todos esses males está no dinheiro e no Estado, que se tornaram contundentes instrumentos de poder. Ambos são protagonistas principais dos modelos econômicos dominantes no Mundo. No Capitalismo o conceito fundamental é o dinheiro e no Comunismo o fundamento é o totalitarismo do Estado. Ambos levaram a humanidade a uma perigosa borda de precipício.
            Por isso BEUYS aponta um terceiro caminho que passa por uma revolução de conceitos, com vistas à evolução sem coerção e sem arbitrariedade (não violência).  Novos conceitos de trabalho e renda resultam no “Sistema Integral” no qual o trabalho de um indivíduo é, por princípio, trabalho para o outro, não está atrelado ao seu próprio consumo. A relação trabalho e renda muda radicalmente no “Sistema Integral”. A renda que as pessoas necessitam para o seu sustento deixa de ser um valor derivado do trabalho para ser um direito originário, humano, que garanta as condições para a atuação responsável de cada indivíduo no organismo social.
O terceiro caminho tem como visão básica uma nova sociedade do socialismo real, com economia e cultura auto gerenciadas, pós-capitalista e pós-comunista, cujo governo e administração pública ficam limitados à função de decidir obrigações, direitos e deveres válidos para todos.
O principal instrumento da transformação sem violência proposta por BEUYS é a participação do ser humano, como artista. A arte está ligada à vida e à liberdade criativa do pensamento, onde exatamente começa qualquer processo de transformação.  O pensamento impulsiona a vontade, a autodeterminação, que por sua vez leva à ação, e esta aos movimentos compostos por iniciativas populares que se complementam e se aliam.
 Para que os estudantes artistas pudessem desenvolver sua capacidade criativa de forma ampla, autodeterminada e autônoma, o autor funda a Universidade Livre Internacional (F.I.U.), como um instrumento coadjuvante de transformação não violenta. Na F.I.U. BEUYS e seus colaboradores passaram cem dias discutindo os problemas e os princípios do novo modelo de sociedade em foco e o conceito de escultura social, a partir da ideia de arte ampliada.
Tal modelo parece utópico, à primeira reflexão. Mas, como RAPPMANN afirma, o ser humano tem, historicamente, a capacidade de potencializar seu capital intelectual ao trabalhar com a matéria e as forças da natureza para serem aplicados aos campos da vida comunitária e sociedade. Pensando assim, é possível considerar as ideias de BEUYS como uma saída para esse embrulho em que se encontra a humanidade.

Edna Galisa de Souza: Estudante de Artes Visuais da Faculdade Dulcina de Moraes.
Agosto/2012.


[1] Joseph Beuys (1921-1986), artista alemão, considerado um dos mais influentes da segunda metade do Século XX, que produziu em vários meios, com ampla abordagem técnica, incluindo escultura, happening, performance, vídeo e instalação. Foi também um dos principais fundadores
 da F.I.U.
 
[2] Rainer Rappman (1950), autor alemão, editor, publicitário, organizador e fundador da F.I.U. Verlag.

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